Durante o maior evento de transporte urbano do Brasil, líderes do setor e representantes de bancos como o BNDES e o BID destacaram a urgência de desenvolver projetos sólidos que possam garantir investimentos necessários para modernizar as frotas e impulsionar tecnologias verdes no país. A discussão ocorreu no Seminário Nacional NTU e Feira Lat.Bus, realizado nesta quarta-feira, 7 de agosto, em São Paulo.
O presidente-executivo da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro), Armando Guerra Júnior, trouxe à tona questões cruciais sobre a recuperação financeira das empresas de transporte público, fortemente afetadas pela pandemia. Ele questionou os painelistas sobre as prioridades para o desenvolvimento do setor: “Deveríamos priorizar o investimento na infraestrutura viária com novas tecnologias visando reduzir a emissão de CO2, ou então na aquisição de ônibus elétrico?”, indagou.
Rafael Pimentel, chefe do Departamento de Mobilidade Urbana e Logística do BNDES, apresentou um estudo desenvolvido pelo banco que aponta um déficit de R$ 360 bilhões em investimentos entre 2015 e 2020, nas 15 maiores regiões metropolitanas do país.
“O ideal seria um investimento de 0,15% a 0,25% do PIB. Isso demonstra que não estamos conseguindo desenvolver o setor, e o problema não está na falta de recursos para financiar projetos, temos bancos estrangeiros que se interessam em colocar recurso no Brasil, porém faltam bons projetos para o desenvolvimento da infraestrutura nessas cidades”, afirmou Pimentel.
Ele também destacou que, desde 2019, o BNDES tem trabalhado para flexibilizar os critérios de nacionalização no processo de eletrificação das frotas, uma medida essencial para manter o Brasil como polo produtor de ônibus.
Karisa Maia Ribeiro, coordenadora regional de Operações Públicas e Privadas do BID, enfatizou a importância de uma abordagem integrada para o desenvolvimento do transporte público. “A eletromobilidade é uma questão de política pública que envolve tanto a eletrificação quanto a mobilidade. Os bancos buscam projetos verdes que prezam pela redução do carbono. O modelo de negócio precisa que a indústria se estruture e evolua dentro desse ecossistema, aqui no Brasil algumas cidades já iniciaram esse processo, e estão fazendo a transição de forma consciente”, disse.
Karisa também alertou sobre a importância de uma análise detalhada dos projetos, considerando o montante necessário de investimento, o momento de solicitação, as áreas de aplicação e as possíveis consequências. “Essa análise forma a matriz de risco, que é essencial para que os bancos possam avaliar a viabilidade dos projetos e decidir sobre os financiamentos”, explicou.