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Controle de emissões: P7 e mudanças no transporte

 Cynthia Castro
 

Os transportadores devem se preparar para mudanças que ocorrerão no setor a partir do próximo ano, quando começa a vigorar a fase P7 do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), para veículos pesados. Todos os caminhões e ônibus produzidos a partir de 2012 terão tecnologias mais avançadas nos motores para permitir menores índices de emissões de poluentes.
 
As mudanças trarão impactos para o transporte, como alterações no preço de caminhões e ônibus. Algumas montadoras estimam que vá ocorrer aumento de até 20%. Outras avaliam que os novos veículos sairão de fábrica entre 8% e 15% mais
caros, dependendo do modelo. Esses veículos da P7 terão de ser abastecidos com um diesel com menor teor de enxofre, o S-50 (50 partes por milhão de enxofre), que precisa ser comercializado em todo o Brasil.
 
Hoje, há no país três tipos de diesel: S- 50, S-500 e S-1800. O S-50 vem sendo distribuído gradativamente em grandes cidades, mas em 2012 precisa estar disponível para todos os novos veículos pesados que saírem de fábrica.
Por enquanto, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e Petrobras não detalharam qual será a política de preços e a de distribuição. Mas há estimativas de que o combustível seja em torno de 10% mais caro.
 
Também haverá acréscimo nos custos devido ao novo insumo que será utilizado em grande parte dos veículos diesel, o Arla-32. Esse produto químico à base de ureia será o responsávelpela reação química com o NOx (óxido de nitrogênio), que sai do motor do veículo após a combustão, permitindo a redução desse gás poluente.
 
Por outro lado, os acréscimos previstos poderão ser compensados, pois os motores com as novas tecnologias tendem a ser mais econômicos. Comparativamente com os motores da atual fase P5, háestimativas de redução no consumo de 8% e possível aumento de potência na ordem de 10%.
Não está claro ainda como serão a distribuição, comercialização e fiscalização do S-50. Essas dúvidas geram certa insegurança nos transportadores, tanto pela elevação dos custos como pela qualidade do combustível. É que os veículos que saírem de fábrica em 2012 precisarão,  necessariamente, de um diesel de melhor qualidade.
As tecnologias que serão aplicadas nos novos motores são sensíveis à presença de elevado teor de enxofre no combustível, podendo ocorrer danos se não for usado umdiesel com teor mais baixo. E há uma dúvida sobre como os motoristas terão certeza de que o diesel é o S-50. Há a possibilidade de ser utilizado algum corante para diferenciar o S-50 de outros tipos de diesel. Entretanto, a ANP não confirmou se a alternativa será adotada.
A Petrobras Distribuidora informou que em janeiro de 2012, o S-50 “será fornecido em postos selecionados das diversas distribuidoras que atuam no mercado brasileiro, conforme acordo definido sob orientação do Ministério do Meio Ambiente”. 
 
Segundo a Petrobras Distribuidora, responsável pelos postos BR, estão sendo feitos investimentos em operação, logística e infraestrutura. A assessoria informou que nos postos, a comercialização desses produtos com teores de enxofre r duzidos deverá ser feita emtanques separados para evitar contaminação. “Com isso, os estabelecimentos deverão fazer investimentos em novos tanques ou comercializarão  exclusivamente um tipo de diesel.”
Orientação da CNT
Para quem se interessar em saber mais detalhes sobre a P7, a CNT elaborou o estudo “A Fase P7 do Proconve e os Impactos no Setor de Transporte”, que pode ser consultado em www.cntdespoluir.org.br. No documento, há informações sobre as alternativas tecnológicas, a aplicação da ureia e a necessidade do diesel menos poluente. Conforme a publicação, a capacitação que os condutores desses veículos novos devem ter é outro fator em questão.
 
O correto manuseio dos veículos com motores da P7 será fundamental para garantir a durabilidade desses equipamentos e atingir a redução das emissões.A CNT considera que os ganhos ambientais e para a saúde têm sido significativos desde a criação do Proconve, em 1986. Isso ocorre em relação às emissões de veículos leves e pesados. 

Revista CNT Transporte Atual