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Para atrair usuários, transporte por ônibus precisa se modernizar

Tecnologia pode tornar sistema mais interessante, e viagens mais adaptadas ao dia a dia da população

Por Daniela Saragiotto

 

 

transporte público por ônibus, no Brasil, vem perdendo passageiros a cada ano, realidade que se intensificou no período da pandemia de covid-19. Desde 2019 o segmento de ônibus urbano registrou queda de quase 25% na demanda, com perda de 8 milhões de deslocamentos de pessoas por dia, de acordo com o Anuário 20222023, da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

A corrida para atrair passageiros para o sistema encontra diversos desafios, como mudanças nos hábitos pós-crise sanitária, concorrência com aplicativos de mobilidade individual e insatisfação com os serviços oferecidos pelo transporte público de maneira geral, em especial com o preço da passagem, entre outros.

“A recuperação desse setor passa, obrigatoriamente, por oferecer aos consumidores informações e facilidades para que tenham controle dos seus deslocamentos”, diz Sergio Avelleda, sócio-fundador da Urucuia Inteligência em Mobilidade Urbana.

Ele explica que, embora, hoje, pareça normal, o nível de informação proporcionado pelo transporte individual por aplicativo elevou o padrão dos deslocamentos de maneira geral.

“As pessoas se acostumaram com a previsibilidade; elas sabem a hora que o transporte vai chegar, o tempo de percurso, quanto vão pagar, a rota e, inclusive, já pagam direto pelo aplicativo. E a população quer ter isso, também, no transporte público“, afirma Avelleda.

SIMPLIFICAR A JORNADA. Oferecer melhor controle do tempo, facilidades no pagamento e um serviço de qualidade passa pela modernização do transporte por ônibus, um movimento que já começou.

Um exemplo é a adoção do Cartão TOP, desde novembro de 2021, na região metropolitana de São Paulo, quando a ferramenta passou a conectar passageiros que utilizam ônibus intermunicipais e transporte sobre trilhos na cidade, com desconto na integração.

Atualmente, já são mais de 370 milhões de bilhetes QR Codes vendidos e 2,4 milhões de cadastros no aplicativo, o que representa, de acordo com a empresa responsável, 30% do transporte da capital paulista.

Trata-se de um sistema de bilhetagem eletrônica usado para pagamento das viagens mediante a compra de bilhetes QR Code, com o mesmo cartão válido no Metrô, CPTM e ônibus da EMTU, mas que pode ir muito além.

“Um exemplo é que, hoje, o passageiro pode ter, no Cartão TOP, caso possua interesse, funcionalidades de transporte e serviços financeiros”, diz Rodney Freitas, CEO da Autopass, responsável pelo cartão.

Ele explica que os usuários maiores de 18 anos podem criar uma conta digital e usar o cartão nas funções débito ou crédito, com todo o controle feito via aplicativo.

“A ideia é simplificar a jornada dos passageiros e usuários da plataforma, que podem acessar ou ter mais informações desses serviços ao longo do dia – inclusive no tempo que despendem no transporte coletivo, que costuma ser, em média, de ih52m, em São Paulo -, além de comprarem bilhetes pelo WhatsApp, um recurso pioneiro”, diz Freitas.

BIOMETRIA FACIAL. Além da bilhetagem eletrônica, já adotada por 91,4% das empresas da região metropolitana de São Paulo, segundo pesquisa recente feita pela NTU e pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), diversas “tecnologias do futuro” já são realidade em muitos veículos.

Uma delas é a biometria facial, usada para controle do uso de benefícios no transporte e que já funciona em muitos ônibus brasileiros. De acordo com estudo feito pela NTU, as gratuidades no transporte equivalem, em média, a 21,7% da receita total do segmento, número expressivo e que precisa ser controlado para uma correta gestão da operação.

“A funcionalidade utiliza a tecnologia de biometria facial para a realização do controle do uso de benefício, a fim de fornecer um transporte coerente com a necessidade do município, reduzindo custos com a atenuação da fraude”, explica Andrea Trede, gerente de produtos da Empresa 1, companhia que atua, há 26 anos, no Brasil e foi responsável por implementar, em 1997, um cartão eletrônico pioneiro para pagamento eletrônico da passagem.

Além desse aspecto, uma possibilidade para o futuro é que os dados armazenados na face dos usuários gerem informações, como padrões de deslocamento, que possam ajudar no dimensionamento das frotas, entre outros aspectos.

O uso de câmera de segurança é outro bom exemplo, pois evita assédio, furto, assalto e até má conduta dos motoristas. “Estrategicamente posicionadas, além de atuarem como inibidoras dos crimes, as câmeras agem como controladores de ações e comportamentos contra a lei, incluindo fraudes e depredação dos veículos. São importantes recursos de segurança, pois inibem atitudes que poderiam causar acidentes de trânsito”, finaliza Andrea. •

 

Fonte:O ESTADO DE S. PAULO